Leituras: A Breve Vida das Flores

Passei por ele em páginas de leitores, foi-me sugerido enquanto ouvinte do podcast 'Vale a Pena' (da Mariana Alvim) em mais do que um episódio, e só isso seria razão suficiente para adiar durante algum tempo a leitura de um livro que parece estar na berra. É um gosto como qualquer outro: se está na montra da livraria, não me desperta o interesse; se está no top 10, prefiro deixar o livro amadurecer mesmo que as opiniões sejam unanimemente elogiosas. Não me custa chegar a um livro depois de muitos já terem passado por ele, mesmo que tenha de levar com os habituais "ainda não o leste?". Prefiro descobrir autores e livros antigos e recentes ou redescobrir clássicos nas prateleiras mais escondidas. Mas porque a vida é feita de excepções e as leituras também, acabei por abrir as portas para o "A Breve Vida das Flores" no dia em que li a opinião de alguém que dizia ter ficado preso ao livro desde o primeiro momento, e fez uma directa para chegar à última página. Apetecia-me uma coisa assim arrebatadora. E, na verdade, essa expectativa colocou o livro num patamar que, para mim, ele não conseguiu alcançar.

Claro que é um livro interessante, sim "vale a pena", lê-se num fôlego, mas nada que me tenha tirado o sono. É uma história pesada, mas à qual se quer voltar, e que nos prende no comboio, na fila de espera da farmácia, durante o treino de futebol do miúdo, porque tem o condão de nos manter alheados das conversas em redor. (Repararam que não escrevi na praia, ou à beira da piscina, certo?) Não, não é um livro bom para se ler nas férias de Verão. Optem antes por lê-lo em casa, no meio das vossas rotinas, entre o deixar os miúdos na escola ou depois de os deitarem na cama.

Escolham um terreno seguro porque o livro dá-nos um abanão. Violette, a personagem principal, é guarda de cemitério. A ideia tem tanto de insuportável como de estranhamente confortável. A par disso, os ingredientes certos estão lá: mistério, crime, dor, amor, desgosto e aquela angústia que a certa altura cola-se-nos aos dedos que viram as páginas.


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